segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

desafio e rancor


Meu irmão desafiou a escrever sobre o rancor!Diante disso hoje de manhã estava decidida a escrever sobre corações partidos e pedaços quebrados de gente que sofreu de amor... gente comum, gente de todo lugar e de qualquer idade! Mas após a morte do General Pinochet, resolvi que esse texto tomaria outro rumo!

O rancor é, segundo o Dicionário Aurélio, um ressentimento profundo resultado de ato alheio que causa dano ou mágoa. O que isso tem a ver com a morte de Pinochet?

O General morreu anistiado, livre, impune! E não, a morte não é uma punição boa o suficiente, a não ser que o inferno exista e seja exatamente como pintavam os barrocos! Foram 17 anos de ditadura e uma pseudo estabilidade econômica que alegrava as elites! Penso nas famílias dos mais de 3000 mortos desse período (isso os dados autorizados)! Não deve haver coração mais partido ou ressentimento mais profundo do que o daquelas famílias! O Rancor, nem acho que seja SÓ com o General... apesar de ser bem favorável a Lei de Hamurab (olho por olho, dente por dente), o rancor é com esse sistema imundo que permite a liberdade de homens como ele e prende e pune cidadãos esfomeados, desesperançosos, desamparados! O rancor é com um sistema jurídico que diante da realidade e das provas é manipulado pra manter fora das grades gente como o Pinochet. O velhinho não poderia morrer na cadeia! Quanta benevolência! Mas todos os outros avôs (velinhos também) negros e pobres podem apodrecer por lá, inclusive seria um alívio! Quanta ironia, quanta ironia! A justiça (faça-me rir) alegou razões humanitárias para não punir o “Mal velhinho”, afinal ele não tinha condições psicológicas para o julgamento! Mas seu cargo de senador chegou a ser vitalício! Não tem explicação!. Seu funeral não terá honras de chefe de estado (isso era o mínimo) e não contará com a presença da atual presidente, que foi vítima de torturas! (como o mundo é pequeno)

No Chile muitas pessoas foram às ruas comemorar! Mas eu, que não moro lá, precisava manifestar meu rancor! A morte não foi o suficiente! E não poderia ser...

Penso nas inúmeras famílias chilenas desamparadas, nas mães argentinas da Praça de Maio e nos filhos mortos dos quais nunca tiveram notícias, nas "Zuzu's" anônimas de nosso país... Nessa gente que não se cansa de gritar e implorar por justiça 20, 30, 40 anos depois! Num rancor que consome o ser, mas leva à luta, ao grito, à rua... E mesmo que o grito pareça inútil, tem gente, que como eu, escuta e lamenta!

Hoje meu coração se parte de rancor por tudo aquilo que os regimes autoritários destruíram na nossa América Latina... é rancor por gente que nunca vi, mas que deu a vida pra que hoje eu me sentisse um pouquinho mais livre! É rancor por ver que a maioria nem percebe isso! Nessas horas dá vontade de bater em todo mundo! Pra ver se assim a gente acorda e constrói agora o que sonha pra amanhã!
Quem sabe assim poderia voltar a pensar em corações partidos de amor! Por enquanto a minha indignação não me permite!

4 comentários:

Lupos, Canis disse...

ae pegou pesado^^
ainda bem que eu não me envolvo com politica

td bem vou escrever um mega texto sobre felicicdade vc vai ver so
^^
bjs
conciencia social a todos

Lupos, Canis disse...

ae vc postou um livro inteiro
so pq eu falei que vc tava preguiçosa pra escrever ou é só empressão minha

Anônimo disse...

indignação???? não, imagina... diante d tanta indiferença acho mesmo q deveríamos ousar ainda mais e sair batendo em todo mundo, como vc disse, só p tentar acordar o mundo p sonhos possíveis...
parabéns, precisamos disso!!

Sarah disse...

E o pior é ouvir que os chilenos que foram as ruas eram baderneiros.
Quando o povo se manifesta é baderna?
¬¬
Isso é revoltante.
Se eu pudesse comprava uma passagem só pra ir pra lá.Se é baderna que eles querem,baderna vão ter!