sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O MAL VESTE A ROUPA DO "BOM VELHINHO"

Ao contrário do que diz o senso comum, posso afirmar que a História não se repete. Ninguém passa duas vezes no mesmo rio, ainda assim é melhor não facilitar. O cenário eleitoral do município arrepiou meus cabelos, trouxe a tona pesadelos da infância!
Ouvi a vida inteira que a ditadura tinha sido verdadeiramente ruim. Mortes, desaparecimentos, torturas! Uma política que privilegiava os mesmos abastados de sempre. E o pior, como profetas, alguns diziam: a questão é que as pessoas esquecem rápido. Os jovens talvez não saibam, mas o bom velhinho de agora esteve presente durante este período. Afastou do poder aqueles a quem hoje dá a mão. Trouxe pra Friburgo o desenvolvimento. Não, não é de desenvolvimento econômico que falo, mas do desenvolvimento de instrumentos da repressão. Ironias da política. Hoje, ele foi a TV e duvidou de nossa inteligência. Afirmou não ter ligações com a ditadura! Faça-me o favor... Olhem as data[1]s dos governos dele! Olhem o projeto de lei[2] feito por ele homenageando o general Castelo Branco! HO-ME-NA-GEAN-DO!!!! Alguém aí, daria nome de praça para alguém a quem repudia?

Friburgo é uma cidade tradicionalista. Isso por vezes é bom, mas repetir pela milésima vez o mesmo candidato será mesmo falta de opção ou acomodação política? Não é só o candidato que está antigo, antigas são as idéias. Não quero uma suíça brasileira, numa terra tupiniquim. Não quero ilusões trazidas por títulos falsos que escondem atrás dos morros da cidade a pobreza e a exploração de uma terra que só mudará quando tivermos “olhos de ver”. Não somos a suíça brasileira e nem devemos querer ser. Isso apaga nossa História. Nossas origens tão mais complexas e de luta. Não seremos a suíça brasileira porque nenhum dos nossos trabalhadores (do serviço mais braçal ao maior dos nossos intelectuais) não tem e nem terá o poder aquisitivo de um suíço, nem a qualidade de vida de um deles. E não venham me dizer que o “senhor simpático” será capaz de fazer isso agora. Porque não fez então, em tantoS outroS governoS. Governos esses que não nos deram essa qualidade, mas nos cobraram impostos equivalentes a ela. Não me venham com o apelo turístico, hoje o que está na moda é o eco-turismo. E se formos defender o turismo histórico que tal construirmos uma identidade própria?

O trânsito de Friburgo não dá mais e isso é fato. Mas se dois reais de passagem é um preço muito caro e os ônibus já estão lá, quanto será o preço do trem? O capital privado que o “bom velhinho” defende , não se esqueçam, quer lucro! Esse capital privado, por exemplo, melhorou a RJ 116 e arranca de nós cada centavo que pode. O capital privado “ bom amigo do bom velhinho” não nos dará de bom grado uma obra gigantesca com tecnologia de ponta. Isso - talvez, se o projeto sair do papel nessa vida (lembram-se do tempo da serra mar! – ter idéias pro outro executar é fácil – só não é função do prefeito) – será transporte pra turista! E não resolverá o nosso trânsito engarrafado e louco.

Sinto pelo verde - a cor - é disso que estou falando! Outrora de esperança, de mudança. Talvez agora seja de nojo e enjôo diante da podridão.

Não sou a Mãe Diná. E, na verdade, todos estamos fadados a ironia do fim – a morte.... mas é inevitável pensar que a chance desse governo não ser dele é grande. Talvez aí more a última esperança, caso o povo friburguense prefira a asfixia da ditadura aos ares pouco renovados da democracia.
______________________________
[1] http://romuluneta.blogspot.com/2008/06/nova-friburgo-200-anos-100-anos-de.html - acesso em 19/9/2008
[2] Fonte: 2º Febeapá, Stanislaw Ponte Preta